sexta-feira, 30 de setembro de 2011

CAIRO - As pedras preciosas do Egito

36 horas no Cairo, uma cidade fervilhante que abala todos os sentidos

MICHAEL SLACKMAN
New York Times Syndicate

Jovem pedala pelo Cairo com tabuleiro de pão na cabeça

 

O Cairo é Terceiro Mundo e Primeiro Mundo, mundo islâmico e mundo faraônico, uma cidade fervilhante que abala todos os sentidos, simultaneamente. Há milhares de anos de história nesta cidade de 18 milhões de habitantes, e essa história pode ser vista nas próprias pessoas: do mascate moderno de ful, vendendo sua pasta de feijão cozido em um carrinho decorado, do capitão de faluca conduzindo sua embarcação pelo escuro Nilo, o jovem andando de bicicleta em meio ao tráfego com um tabuleiro de pão do tamanho de uma escada equilibrado na cabeça. Prepare-se: tenha um lenço de cabeça para as mulheres entrarem nas mesquitas; pacotes de lenços de papel para paradas em toaletes; pequenos trocados para gorjetas; e, se gostar de beber, uma garrafa ou duas de vinho do free shop do aeroporto. O Cairo tem muito a oferecer, mas uma boa garrafa de vinho não está inclusa.

Sexta-feira

17h - Navegando no passado
Não há melhor forma de conjurar o espírito oriental do que fazer um passeio de faluca pelo Nilo. O melhor lugar para encontrar um destes barcos de fundo chato com uma mesa de piquenique no meio é na estrada na encosta em frente ao Four Seasons Hotel, no embarcadouro Dok Dok em Garden City. Os turistas podem esperar pagar 60 libras, ou cerca de US$ 11 com o dólar valendo cerca de 5,60 libras egípcias. Leve aquela garrafa de vinho que você comprou no free shop.

Shawn Baldwi/NYT
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                                                                                                                                                             Capitão navega em sua faluca pelo rio Nilo
19h - Fumaça na água
Esqueça o politicamente correto. O Cairo é uma cidade de fumantes e, na maioria dos casos, isto significa cigarros baratos, fortes. Mas os cachimbos de água (narguilé ou shisha, como é chamado ali) são suaves, limpos e oferecem sabores variados -melão, morango, maçã, pêssego- no Sequoia (rua Abu El Feda; 20-2-2735-0014), um restaurante agradável na ponta norte de Zamalek, uma ilha próxima ao centro da cidade. Aqui, é possível sentar sob uma tenda branca, fumar um shisha e pedir uma cerveja, Sakhara ou Stella, feita no Egito. Há um preço mínimo de 65 libras nos dias úteis e 90 libras nos fins de semana, um mínimo facilmente atingido se pedir comida -cuscuz de cabrito, shish taouk, mezze quente e frio, incluindo hummus, e charutos de folha de uva. O jantar sai em média 100 libras por pessoa.

22h - Diversão na ponte
Há um Hard Rock Café no Hyatt e um recém-inaugurado Buddha Bar no Sofitel, mas, se este é o seu interesse, por que ir ao Cairo? Faça uma caminhada até a Ponte Seis de Outubro, que sai de Zamalek, onde acontece um casamento atrás do outro e as festas são realizadas ao longo do guard-rail. Se o ambiente estiver muito barulhento, vá até a próxima ponte -Kasr el Nil- que freqüentemente está lotada de homens e mulheres jovens.

Sábado

9h - Feijões e tamaya
O Cairo não é a capital gourmet do Oriente Médio, mas a comida aqui é boa. Opte pelos pratos egípcios como ful e tamaya -discos fritos de pasta de feijão-fava. Ambos são pratos favoritos no café da manhã egípcio. Pegue um táxi até a praça Sayeda Zeinab no movimentado bairro de Sayeda Zeinab (sendo turista, você pode esperar pagar o dobro da tarifa habitual de 5 libras). Esteja com bastante fome quando for ao El Karbegi (praça Sayeda Zeinab, 11; 20-2-2391-4318). Por apenas poucas libras, desfrute de sanduíches recheados com o tamaya e ful mais frescos no Cairo.

Shawn Baldwi/NYT

  No El Karbegi, há os sanduíches recheados com o tamaya e ful mais frescos do Cairo

10h - Cairo islâmico

Siga para a vizinha praça Ibn Tulun para iniciar uma visita ao Cairo islâmico, uma mistura extraordinária de confusão cotidiana moderna com o poder altivo da arquitetura islâmica do Egito. Duas paradas obrigatórias -o Museu Gayer-Anderson e a Mesquita Ibn Tulun do século 9- são abertas aos turistas diariamente às 8h, exceto às sextas. Os turistas pagam um ingresso de 30 libras para entrar no museu Anderson, lar de um mercador do século 16. Dê 10 libras de doação para a mesquita vizinha e um homem cobrirá seus calçados em botas de lona para que possa explorar o vasto salão de oração de cor de areia. Suba até a cobertura e ao minarete para uma vista do bairro.

11h30 - Compras sem incômodo
Os agressivos vendedores ambulantes podem arruinar a experiência de compras no Cairo. O que torna a loja Khan Misr Touloun (Midan Ibn Tulun, 17, diante da Mesquita Ibn Tulun, 20-2-2365-2227) ainda mais especial. Lá dentro não há falatório, nenhum incômodo. Você encontrará cerâmica tradicional da cidade-oásis de Fayoum, jóias de prata, vidro artesanal, cestas zambianas e quatro mapas essenciais, de fácil leitura, chamados Cairo Medieval (15 libras cada).

Meio-dia - Mesquitas e um mercado
De Ibn Tulun, use os mapas No. 3 e No. 4 para caminhar até a Mesquita Sultão Hassan e a Mesquita Rifai, onde está enterrado o último xá do Irã em um túmulo solitário. A Mesquita Azul, distante de 5 a 10 minutos de caminhada ao norte, está caindo aos pedaços, mas é tranqüila. Costuma não haver ninguém exceto Gamal, o zelador que fica sentado em um tapete aguardando por um visitante ocasional. Os ladrilhos azuis que restam em algumas poucas paredes foram feitos na Turquia há centenas de anos, mas o motivo para a visita é subir o minarete. A subida conta com 83 em forma de saca-rolhas, metade deles no escuro total. Mas a vista da imponente Mesquita Muhammad Ali na Cidadela, da Cidade dos Mortos e do Parque Azhar, uma área verde construída por Agha Khan, faz a escalada valer a pena. A entrada é gratuita, mas dê uma gorjeta de 20 libras para Gamal. Então saia da mesquita e caminha até o Bab Zuwayla, um dos três portões fatimidas, que conduzem ao agitado mercado vale-tudo, o Khan el-Khalili. Aqui é possível pechinchar feito louco e comprar de tudo, de cachimbos de água a ervas medicinais e jóias. Mas é melhor os compradores terem cuidado.

15h - Coma como um egípcio
Com fome? Como estamos nos atendo à cozinha egípcia, experimente o koshary, uma mistura de espaguete, cebolas fritas, lentilhas e, se quiser, molho vermelho picante. No Abou Tarek, no bairro Maarouf (
www.aboutarek.com), há dois pratos, grande e pequeno, 3 e 5 libras. Sente-se às mesas de metal ou peça para viagem.

16h - Tempos faraônicos
As pirâmides de Gizé, saindo do Cairo, são uma excursão obrigatória por si só, mas não são a única amostra do Egito faraônico no Cairo ou arredores. No coração da cidade, o monumental Museu Egípcio (
www.egyptianmuseum.gov.eg), na praça Tahrir, presta homenagem a tudo o que é faraônico. No andar de cima há uma pequena bilheteria (o ingresso custa 100 libras) para a Sala da Múmia. Além da bilheteria se encontram os tesouros do Rei Tut. Há duas pequenas salas repletas de coisas de Tut, incluindo a máscara de ouro do rei menino e o enorme sarcófago de ouro.

20h - Jantar e pós-jantar
Pegue uma mesa na varanda sobre o Nilo no El Kebabgy, um restaurante recém-reaberto no hotel Sofitel (rua El Thawra Council, 3, Zamalek; 20-2-2737-3737). Peça o grelhado misto (120 libras), que inclui cabrito e frango. Então tome um táxi do outro lado Nilo para ir ao Cairo Jazz Club (Rua 26 de Julho, 197, Agouza; 20-2-3345-9939;
www.cairojazzclub.com), onde há dois bares, um perto da pista de dança e outro na área mais tranqüila perto da entrada. Este último recebe uma mistura de ocidentais e egípcios de classe alta.

Domingo

8h30 - Cairo Cóptico
Na estação Sadat na praça Tahrir, pegue o metrô (1 libra) para Helwan e desça na estação Mar Girgis. Isto deixará você dentro do Cairo Cóptico. Há muito o que ver nesta área compacta e tranqüila, mas há dois pontos importantes: a cripta da Sagrada Família sob a Igreja de São Sérgio e o Convento de São Jorge. Os turistas freqüentemente deixam de visitar a minúscula Capela de São Jorge, uma pequena sala em um porão onde os fiéis colocam uma corrente -supostamente usada para torturar São Jorge- ao redor do pescoço e olham para a imagem mecânica na parede retratando São Jorge cravando a lança no dragão. Finalmente, há a Sinagoga Ben Ezra, e lá, nas palhas, o bebê Moisés foi escondido. Agora é tudo cimentado e uma parede. Depois, visite o velho cemitério, uma pausa tranqüila do caos da cidade e uma caminhada por entre túmulos que testemunham a diversidade étnica que já fez do Cairo uma grande cidade cosmopolita.

Informações básicas

Se quiser ficar perto do centro da cidade, é possível ficar no novo Four Seasons Hotel na Nile Plaza (20-2-2791-7000; www.fourseasons.com/caironp -não confunda com o Four Seasons perto do zoológico, em Gizé). Bom serviço, muitas flores, tudo em ordem. A diária padrão para um quarto com vista do Nilo é de US$ 520.

No Cairo Marriott em Zamalek (20-2-2728-3000;
www.marriott.com), construído em torno de um palácio do século 19, o serviço pode ser enlouquecedor, principalmente na recepção e no restaurante no jardim, mas os quartos foram reformados recentemente e o hotel conta com um belo jardim, um restaurante ao ar livre e uma grande piscina. Ele também possui um cassino. A diária padrão para um quarto de luxo com vista para o jardim é de cerca de US$ 200.

No centro, o Windsor Hotel Cairo (Rua Alfi Bei,19, 20-2-2591-5810;
www.windsorcairo.com), a uma distância de caminhada do museu, é uma alternativa da moda de baixo custo, histórica, com um grande bar. As diárias dos quartos de luxo são de cerca de US$ 60.

Tradução: George El Khouri Andolfato




DAMASCO - Síria



 
Damasco, capital da Síria, é destino histórico
e religioso que preserva suas tradições
 
Apesar de ter a fama de ser um lugar perigoso, por causa dos diversos conflitos que a região viveu durante muitas décadas, uma visita à Síria pode ser uma experiência surpreendente e inesquecível.

Sempre com um perfume de jasmim no ar, pessoas de um lado para o outro, mulheres fazendo compras nos "souqs" (mercados árabes), homens que se reúnem nas cafeterias, crianças que brincam nas calçadas e motoristas que mal aguardam impacientes nos sinais. Tudo isso é Damasco à primeira vista. Mas a capital da Síria tem mais do que esta cena corriqueira para oferecer aos seus visitantes.

Porém, antes de começar a viagem, um dos primeiros conselhos é: não se assuste com as buzinas. Esse parece ser o único jeito de se impor no confuso trânsito do país. Ali os taxistas costumam buzinar para chamar os clientes pelas ruas. Por isso, se estiver caminhando e ouvir alguma buzina, não estranhe. Não é uma cantada, é apenas um taxista querendo saber se você quer uma corrida.

Damasco é uma capital onde o modo americano de viver com seus fast foods e grandes lojas de departamentos ainda não chegou. Ali não existe Mc Donald's e quase nenhuma dessas grandes franquias internacionais. Damasco é uma metrópole que ainda preserva sua cultura e tem um povo que se orgulha disso.

Os sírios em geral são pessoas gentis, dispostas a ajudar e a dar informações, apesar de a grande maioria não falar muito bem o inglês. Mas isso muda um pouco nos pontos mais turísticos e também entre os mais jovens. Eles geralmente conseguem se comunicar em um bom inglês. Muitas vezes quando o viajante pede alguma informação, o sírio se dispõe até mesmo a acompanhar o turista.

As mulheres normalmente não encontram problemas para circular pela cidade. Mas para estar mais tranquila e também por uma questão de respeito, o melhor é se vestir de um modo recatado para não chamar a atenção, se é que isso é possível. Calça comprida e camiseta solta já são suficientes. Já nos lugares religiosos é necessário usar uma túnica e cobrir o cabelo com o capuz.


St Marteen - Brincando de Pirata em águas caribenhas

Cenários arrebatadores são pano de fundo em 36 horas em St Maarten

JEREMY W. PETERS
New York Times Syndicate


Entre as honras concedidas às ilhas do Caribe (mais bela praia, menos cara, mais relaxante), o prêmio para mais densamente desenvolvida provavelmente vai para St Maarten – a ilha meio holandesa, meio francesa, nas Antilhas Holandesas. Isso não quer dizer que a beleza natural da ilha está arruinada. Ela continua sendo um local deslumbrantemente pitoresco, com alguns dos cenários mais arrebatadores do Caribe (nisso ela também poderia receber um prêmio). Mas todo o desenvolvimento – hotéis-butique, cassinos, marinas, resorts – significa que os visitantes nunca ficarão carentes de opções. E graças a um boom aparentemente interminável de construção, essas opções continuam se multiplicando.

Todd Heisler/The New York Times 
A Kakao Beach, em St Marteen, possui um dos maiores trechos de mar e alguns dos melhores cenários

Sexta-feira

17h - Para os amantes de vinhos
O pensamento convencional diz que o lado holandês da ilha (Sint Maarten) opera em um ritmo mais veloz do que o lado francês (Saint Martin). Na verdade, ambos são agitados – a principal diferença sendo que o lado holandês possui mais resorts completos de empresas conhecidas, enquanto o lado francês tem opções de propriedade familiar. Para uma introdução calorosa à ilha, siga para a cidade francesa de Grand Case e para o bar no Love Hotel (140 Boulevard de Grand Case; 590-590-29-87-14;
love-sxm.com), que fica em palafitas sobre a areia, oferecendo um poleiro idílico para assistir o sol se por no mar. Aberto no ano passado por um casal jovem francês, o hotel conta com uma carta de vinhos estelar (5 euros a taça, ou US$ 6,80, com o euro cotado a US$ 1,36), a aperitivos pré-jantar como carpaccio de carne bovina (11 euros).

20h - Andes no Caribe
Você terá muito tempo para provar a culinária francesa rica em manteiga. Opte por algo menos convencional na Patagonia (Plaza Puerta del Sol, Simpson Bay Yacht Club; 599-544-3394;
www.patagonia-restaurant.com), uma churrascaria argentina que abriu este ano no lado holandês. Não há o kitsch caribenho aqui: a atmosfera é moderna e elegante, com ardósia cinza escuro e paredes de pedra. Os filés e contra filés, importados da Argentina provenientes de gado alimentado com capim (US$ 25 a US$ 38), vêm com o molho de sua escolha (criolla, chimichurri ou malbec), uma salada e um acompanhamento.

22h - Jogando os dados
O jogo é um dos maiores atrativos de St Marteen. E fora uma buzina de iate ou o coachar das pererecas, o som sintetizados dos caça-níqueis pode ser o som mais reconhecido da ilha. Perto da fronteira francesa, o Princess Casino em Port de Plaisance (Cole Bay; 599-544-4311;
princessportdeplaisance.com) parece distante da batucada incessante. Além das mesas habituais de vinte e um, pôquer e roleta, o cassino é conhecido por seus shows coloridos com dançarinas com tiaras de penas e vestidos ondulantes que deslizam pelo palco.
Todd Heisler/The New York Times
Assista de uma distância segura os aviões pousando e decolando do Aeroporto Internacional Princesa Juliana no Sunset Beach Bar and Grill, em Saint Marteen

Sábado

10h - Praia de primeira
Poucas experiências são tão singulares em St Marteen como uma caminhada pela praia em Orient Bay, conhecida por seus bares de praia pulsantes em uma extremidade e pelo resort de nudismo na outra. Fique avisado: esta é uma praia onde roupas são opcionais. Ela fica com face leste, então chegue cedo e alugue uma cadeira e guarda-sol de um dos muitos bares que margeiam a praia. O preço por duas cadeiras e um guarda-sol é de aproximadamente 15 euros, e dois drinques costumam fazer parte do negócio. A Kakao Beach (em Orient Bay; 590-590-87-43-26;
kakaobeach.com) possui um dos maiores trechos de mar e alguns dos melhores cenários, oferecendo não apenas cadeiras na areia, mas também mesas com coberturas de palha espalhadas por um pequeno bosque de palmeiras.

12h - Riviera de peixes e frutos do mar
A pequena cidade de Grand Case, no lado francês, é o centro culinário da ilha. Bistrôs franceses elegantes margeiam ambos os lados da rua principal, que abraça a praia. O Talk of the Town Too (Boulevard de Grand Case) não ganhará prêmios por requinte. Sua área de jantar ao ar livre consiste de mesas de piquenique, uma grelha e um cardápio em uma lousa. Mas há a brisa marítima agradável e você pode pechinchar sua refeição. Diga aos garçons que há uma competição pela lagosta grelhada e eles poderão lhe dar um desconto. Por aproximadamente US$ 20, espere uma cauda de lagosta de tamanho decente, acompanhada de arroz e feijão caseiros e uma espiga de milho. Para sobremesa, a um minuto de caminhada descendo a rua fica o La Crepe en Rose (Boulevard de Grand Case), um carrinho ambulante branco e cor-de-rosa que serve crepes em vários sabores, incluindo geleia de morango, damasco e Nutella, por 3 ou 3,50 euros.

14h - Um pouco mais longe
Parte da beleza natural da ilha está escondida atrás de coisas feias artificiais. Um exemplo: a caminhada pela reserva natural conhecida como Wilderness, no extremo norte da ilha. Para chegar lá, é preciso primeiro passar por um aterro sanitário. Mas assim que você passa pelo primeiro trecho repleto de lixo de sua trilha, sua recompensa será uma das vistas mais amplas da ilha. A trilha abraça uma colina íngreme em meio a campos de cactos e então conduz você a uma praia pedregosa. Continue andando e logo você chegará à recompensa – a praia isolada e imaculada de Petites Cayes.

17h - Cuidado com os jatos
As placas - elas dizem “Perigo” em letras vermelhas e descrevem um homem sendo carregado por um jato pousando - não poderiam ser mais claras. Mas isso não parece impedir as pessoas de irem à praia ao lado da pista do Aeroporto Internacional Princesa Juliana, para pular como se pudessem tocar as aeronaves em aproximação com a ponta de seus dedos. Este espetáculo provoca várias perguntas: eles não percebem que não dá para alcançar os aviões com um pulo? E não percebem o que aconteceria se conseguissem? Mantenha sua dignidade e assista de uma distância segura no Sunset Beach Bar and Grill (Caravanserai Resort; 599-545-2084;
sunsetsxm.com). O barulho dos aviões ainda sacudirá sua mesa, enquanto você toma uma cerveja (US$ 3) e come suas pizzas (US$ 11 a US$ 15).

20h - Jantando ao lado do cais
Um dos novos empreendimentos imobiliários mais caros em St Maarten é o Porto Cupecoy (
portocupecoy.com), um complexo com marina, condomínio e restaurante construído pela Orient Express Hotels. Tudo é imaculado, como as mesas impecavelmente arrumadas com guarda-sóis e o paisagismo perfeito. O mesmo vale para seus restaurantes. O Maximo Cafe (Porto Cupecoy; 599-554-0333), um restaurante francês de peixes e frutos do mar, está ganhando reputação como um dos melhores da ilha. As massas incluem tagliatelle com vieiras (US$ 22); entre os pratos principais está um filé de rodovalho com molho de uva riesling (US$ 55).

23h - Rum vermelho
Bares com ar caribenho tradicional – boia salva-vidas na parede, um guarda-sol no seu drinque – são fáceis de encontrar na ilha. Para algo que não tenha esse toque tropical, vá ao Red Piano (Pelican Resort; 599-544-6008) no lado holandês. O piano é de fato vermelho, assim como as paredes e mesas. Bandas ao vivo tocam em muitas noites e a ação prossegue madrugada adentro. Experimente o rum de cambuí vermelho, uma especialidade local (US$ 8).

Todd Heisler/The New York Times
Praia do Love Hotel, na ilha de St. Marteen

Domingo

9h - Doce café da manhã
Um café da manhã decente e a bom preço pode ser difícil de encontrar. Mas ao longo do bulevar na orla marítima em Marigot, a capital do lado francês, se encontram duas padarias concorrentes que servem croissants (com chocolate e comum), tortas (de várias frutas, como morango e abacaxi) e bombas: La Sucrière (Boulevard de France; 590-590-51-13-30) e Sarafina’s (Boulevard de France; 590-590-29-73-69). Cinco euros são o mais caro que você pagará.

12h - Mergulho francês
Algumas praias são superdesenvolvidas. Outras são intocadas. Para algo intermediário, siga para Baie Rouge, no lado francês da ilha. A praia é ampla, em formato crescente e gradualmente inclinada, com areia fofa, cor de palha. Um cais natural se projeta em uma extremidade, oferecendo vistas dos penhascos elevados em cada ponta da praia. O acesso é simples. A praia fica à direita da estrada principal e há um estacionamento a poucos passos da areia, outro sinal de que na ilha eles constroem em qualquer lugar onde exista um terreno apropriado.

O básico

Alugar um carro é recomendado para circular pela ilha.

O Hotel L’Esplanade (Grand Case; 590-590-87-06-55;
lesplanade.com) é um hotel-butique encantador no lado francês, com vista para o centro de Grand Case e para a praia. Todos os quartos possuem terraços privados e cozinhas, com diárias a partir de US$ 245.

O Love Hotel (140 Boulevard de Grand Case; 590-590-29-87-14;
love-sxm.com) fica bem na praia no centro de Grand Case. Seus sete quartos foram recém-reformados, com móveis de madeira escura e paredes brancas. A partir de 105 euros (US$ 142).

La Samanna Resort & Spa (Baie Longue; 800-957-6128;
lasamanna.com) é o lugar em St Marteen caso você queira que os amigos fiquem boquiabertos de inveja. O preço de entrada é alto: diárias dos quartos a partir de US$ 495. Mas este é um resort de serviço completo em um dos trechos de praia mais bonitos da ilha.

Tradução: George El Khouri Andolfato









Baleias Franca - SC (Garopaba)

Número de baleias francas no sul do Brasil aumenta nesta temporada

CRIS GUTKOSKI
Colaboração para UOL Viagem, em Garopaba (SC)

Setembro traz cores novas na Terra e uma boa notícia no mar: o mês significa o auge do período de migração das baleias francas da Antártida para as praias de Santa Catarina, onde elas aproveitam as águas claras para acasalar, parir e amamentar os filhotes. Neste mês, um sobrevoo de monitoramento dos mamíferos realizado pelo Projeto Baleia Franca avistou 172 baleias desde o sul de Florianópolis até Torres, ao norte do Rio Grande do Sul.
É o segundo maior número de baleias registrado nos 29 anos de pesquisas do Projeto Baleia Franca. Em 2006, foram contados 194 cetáceos, adultos e filhotes. Em 2008, também em sobrevôo de helicóptero, foram 156 e, no ano passado, 102 baleias francas.
O número expressivo de agora confirma que a população da espécie está crescendo no hemisfério sul, e encheu de alegria os biólogos e pesquisadores de baleias. “Os números são resultado do nosso esforço de quase três décadas para a conservação da espécie", afirma a bióloga Karina Groch, diretora de pesquisa do Projeto Baleia Franca.

Veja imagens das baleias no litoral catarinense



A curiosidade das baleias francas faz com que elas se aproximem das embarcações para observar os seres humanos Enrique Litman/Divulgação
No grande grupo de cetáceos avistados e fotografados pelo analista ambiental Paulo Flores, do Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, destacam-se 48 pares de baleias-mães com filhotes nascidos recentemente, em águas brasileiras do Oceano Atlântico, mais 70 baleias adultas, machos e fêmeas, não acompanhadas de filhotes, e ainda sete animais juvenis.
“O nascimento de 48 filhotes este ano é fundamental para dar continuidade à recuperação populacional que observamos nos últimos anos”, salienta Karina Groch. Segundo os registros do PBF, em 2007 nasceram 54 baleias francas em Santa Catarina, ou praticamente uma por dia, considerando o período de final de julho a setembro. As francas retornam para a Antártida em novembro.

Observação de baleias

Nesta temporada, a atividade de “whale watching” (observação de baleias) para turistas está sendo realizada por duas operadoras com sede na cidade de Garopaba, a 70 km de Florianópolis. As saídas são diárias, em horários variados, dependendo das condições de clima e das marés.

A operadora Vida Sol e Mar é parte do Instituto Baleia Franca, uma ONG que também monitora o comportamento dos animais marinhos e foi pioneira nos passeios embarcados na região, desde 1998.  No ano passado, transportou 1.740 turistas para ver baleias em alto mar, sendo que 88% deles eram brasileiros, vindos sobretudo de Santa Catarina, São Paulo e Paraná. A Base Cangulo é vizinha do IBF na rua Manoel de Araújo, à beira-mar, no centro histórico de Garopaba. As duas operadoras oferecem palestras antes dos passeios, com informações sobre as características e o comportamento das francas.

“Mas dá pra ver a baleia bem de pertinho"? Antes mesmo de colocar os coletes salva-vidas, a pergunta se faz freqüente entre os adultos e crianças que experimentam pela primeira vez essa modalidade de turismo de aventura. Os mamíferos são animais curiosos e, entre as baleias francas, é grande a possibilidade de que elas se aproximem lentamente da embarcação, depois que os motores são desligados.

Prepare-se, portanto, para uma visão inesquecível: o corpo de uma franca adulta, que pesa entre 30 e 50 toneladas, chega a ter 16 metros de comprimento. Equivale ao tamanho de um ônibus e meio, solto em alto mar, emitindo sons, esguichando água, sacudindo nadadeiras dorsais e uma cauda com quase 5 metros de envergadura.

Enrique Litman/Divulgação 

Na praia da Ferrugem, baleias francas se aproximam da costa entre julho e novembro
Com sorte, os machos, mães e filhotes vão brincar e emergir nas proximidades do barco, mas nunca há certeza da aproximação. As baleias francas que visitam o Sul do Brasil a cada ano estão livres em ambiente selvagem e fazem o que querem, não são amestradas, como as baleias que nadam e saltam nas piscinas dos parques da Flórida.

Os filhotes são comilões, bebem cerca de 200 litros de leite por dia. Eles já nascem com cerca de 4 metros de comprimento, com duas ou três toneladas de peso. Os bebês batem a cabeça no corpo da mãe para pedir alimento e um leite grosso, gorduroso, jorra das glândulas mamárias para a boca do filhote.

Do Brasil à Antártida

Nos meses em que freqüentam o enorme berçário natural do litoral brasileiro, de julho a novembro, as francas ensinam os filhotes a nadar, respirar, saltar e a ganhar resistência. A decisão da viagem de volta, para as ilhas Geórgia do Sul da Antártida, é um momento delicado, que antecipa uma prova brutal de resistência física para mãe e filho.
“A decisão do retorno depende de um balanço entre a condição física do filhote e a condição nutricional da fêmea”, explica a bióloga do Projeto Baleia Franca. “A fêmea permanece aqui o tempo necessário para que o filhote engorde e desenvolva habilidades de natação e manutenção do contato com a mãe, mas ao mesmo tempo ela necessita ter reserva na forma de gordura suficiente pra resistir à viagem até a Antártida”.

Na maratona de milhares de quilômetros rumo ao sul gelado do planeta, o filhote é apenas um bebê de três ou quatro meses, acostumado a comer e a brincar. Se ele se perde da mãe, confundido por predadores, pelas tempestades ou pela poluição sonora das grandes embarcações, morre de inanição.

Cris Gutkoski/UOL 

A baleia franca produz esguicho quando emerge à superfície para respirar

Ao mesmo tempo, a baleia adulta está com fome e exaurida pelas funções da maternidade. Para estes mamíferos, o período na costa brasileira é de completo jejum, as francas só se alimentam na Antártida, de um crustáceo minúsculo chamado krill. Os biólogos contam que os cetáceos adultos emagrecem e começam a mostrar os ossos sob a pele, a partir de outubro e novembro. Baleias sim, gordas não.

Segundo Karina Groch, nesta temporada as baleias estão concentradas em algumas enseadas de Garopaba e Paulo Lopes, com as praias de Siriú e Gamboa, e também na cidade vizinha de Imbituba, nas praias de Ibiraquera, Ribanceira e Itapirubá. Há concentrações eventuais na Praia do Rosa, na Praia do Porto e em Laguna. Todo esse trecho do litoral pertence à Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, criada por decreto em 2000, abrangendo nove municípios e cerca de 130 km de costa, praias e lagoas, desde o sul de Florianópolis até o balneário de Rincão.

No Brasil, a caça às baleias está proibida por lei federal desde 1987. A medida ajudou a evitar a extinção da espécie. No hemisfério norte, as francas boreais estão praticamente em processo de extinção, o número total não ultrapassa atualmente os 500 indivíduos. A APA da Baleia Franca é administrada pelo Instituto Chico Mendes.


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Auckland - Porta de entrada para a Nova Zelândia

 

Porta de entrada para a Nova Zelândia, Auckland é a terra do bungee jump e dos barcos

Auckland não é a capital, mas é, sem dúvida, a cidade mais importante da Nova Zelândia. A descolada metrópole é o principal centro financeiro do país e um dos destinos preferidos dos turistas que decidem dar um pulo na Oceania.

Mesclando beleza natural e modernidade, Auckland é uma boa pedida para quem é urbano, mas não dispensa o contato com a natureza. As atrações da cidade vão das galerias de arte aos vulcões, passando por um zoológico imperdível e cassinos disputados.

Representando o espírito aventureiro da Nova Zelândia (o país é conhecido como capital mundial dos esportes radicais), Auckland oferece atividades como o bungee jump. A queda livre pode ser realizada em vários pontos da cidade, mas é no edifício Sky Tower que a maioria quer se arriscar. De lá, os corajosos saltam de uma altura de 192 metros.

Para os que preferem programas menos emocionantes, Auckland reserva passeios históricos e culturais imperdíveis. Em Waitakere, região a oeste do centro da cidade, não dá para deixar de entrar nas butiques e galerias de arte ou parar para comer nos restaurantes dedicados à culinária internacional e nos charmosos cafés. Já em Manakau, deixe-se perder nas boas lojas especializadas em vinhos e dê uma olhada na vila histórica de Howick.

Auckland é também a "Cidade da Vela". Apelidada assim por ser sede da tradicional regata mundial America'a Cup, a cidade tem o maior número de barcos por pessoa do mundo.

Quando o assunto é natureza, a metrópole também não deixa a desejar. As praias e os mais de 50 vulcões inativos espalhados pela cidade fazem a alegria dos que não dispensam passeios ecológicos. Do porto, os mais animados podem escapar para as ilhas do golfo Hakurai, como Rangitoto e Waiheke.

Como se não bastassem tantas atrações, Auckland tem um clima agradável e povo amistoso. Ou seja, motivo é o que não falta para aparecer por aquelas bandas, por isso, prepare-se para uma viagem agradável e cheia de aventura!

Fonte: http://viagem.uol.com.br/guia/cidade/auckland.jhtm

BRASÍLIA - DF, Brasil




Planejada para impressionar como a capital do país, Brasília é patrimônio cultural da humanidade

Brasília é uma cidade como nenhuma outra. Ali as grandes extensões de prédios e áreas verdes se conectam num elegante traçado. Cidade planejada para impressionar como a capital do país, é patrimônio cultural da humanidade desde 1987.

No meio do cerrado do Planalto Central, o cenário de arquitetura imponente abriga as decisões dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Brasília sofre de superexposição nos telejornais. Percorrê-la como visitante permite a visão horizontal dos monumentos nacionais (o Congresso, a Catedral, o Palácio da Alvorada) normalmente vistos recortados pelas câmeras.

Por conta do clima seco, com a umidade do ar caindo a níveis alarmantes de junho a setembro, o urbanista Lúcio Costa e o arquiteto Oscar Niemeyer projetaram espelhos d'água do tamanho de lagos e mesmo um lago artificial, o Paranoá. Em Brasília, o céu real parece estar ao alcance da mão. Na luz do dia, as águas do solo e os vidros espelhados nas alturas dos prédios fazem a gentileza de multiplicar os azuis virtuais.

Nos anos 40, Niemeyer já havia abalado as estruturas da arquitetura modernista com o Complexo da Pampulha, em Belo Horizonte. Uma década depois ele começou a desenhar a nova capital federal a pedido do presidente Juscelino Kubitschek, permitindo-se ousadias de variada estirpe.

A Catedral Metropolitana, por exemplo. No mundo, os fiéis costumam subir degraus para ingressar num templo católico. Em Brasília, é preciso descer abaixo do nível do solo. O Supremo Tribunal Federal é um lugar de decisões peso-pesado. Pois no prédio de Niemeyer a leveza dá ordens nas fachadas, com pilastras duplamente arqueadas que parecem recusar o suporte do chão e ainda suspender o teto na ponta dos dedos.
Arte UOL
A imagem de Juscelino Kubitschek paira sobre o cenário de sonho que, quase 50 anos após a inauguração, em abril de 1960, é futurista e retrô ao mesmo tempo. O nome do ex-presidente batiza o aeroporto, um hotel, uma bonita ponte do Lago Sul, coberta por estruturas brancas que lembram pernas cruzadas. Femininas, supostamente. JK também surge em estátua, diante de seu Memorial, num pedestal gigantesco com contornos de foice soviética, mais uma provocação do arquiteto comunista nascido em 1907.

Para espairecer de tanta arquitetura, a cidade oferece grandes áreas de lazer ao ar livre, como o Parque da Cidade, o Zoológico e o Parque Nacional de Brasília, este a 10 km do centro, com trilhas e piscinas naturais de água gelada. Quem se dispõe a viajar um pouco mais encontra ótimos pontos de mergulho no Parque Municipal de Itiquira, em Formosa, diante de uma das mais altas cachoeiras do país.

Como quase todas as metrópoles, Brasília ganha à noite belezas insuspeitadas na correria do horário comercial. No pôr-do-sol, nos meses da seca, o céu fica da cor do fogo. Nas redondezas da Praça dos Três Poderes, pontos de luz duplicados nos espelhos d'água realçam as linhas curvas e retas dos palácios e também as famosas esculturas diante deles.

A noite amplia os espaços de convivência, seja em banquetes oficiais ou nas dezenas de bares e restaurantes dos setores comerciais, alguns com música ao vivo, outros diante da paisagem privilegiada do Lago Paranoá. É quando os turistas têm a chance de interagir com uma parte de Brasília ausente dos telejornais, os moradores, chamados candangos, por terem nascido ou se estabelecido ali.

O Distrito Federal tem cerca de 2,4 milhões de habitantes, somando Brasília e as cidades-satélite. Entre os setores comercial, residencial e hoteleiro, circulam milhares de funcionários públicos, políticos e assessores de políticos, instalados provisória ou permanentemente. Com sotaques e figurinos que representam as cinco regiões do país, os habitantes são guardiões da memória viva de uma cidade única no mundo.




Brasilia Bridge


CURAÇAO - Paraíso inexplorado



 
História, arquitetura e muitas cores são as atrações de Curaçao, nas Antilhas Holandesas

Uma das muitas explicações de porque toda a ilha de Curaçao é tão colorida vem de uma história que ninguém sabe dizer se é verdadeira. Consta que um governador, há muitos anos, sentia dores de cabeça terríveis por todas as construções serem pintadas de branco e refletirem muito a luz do sol. Ele teria então sugerido algo a seus conterrâneos: colocar outras cores nas fachadas de suas residências e comércios; ele mesmo passaria a usar o amarelo em todas as construções que tivessem a ver com o governo. E assim nasceu o colorido dessa simpática e pequena ilha do Caribe.

E quem se importa se a história é mesmo real? Todo o colorido de Punda e Otrobanda combina perfeitamente com os muitos tons de azul que você vai aprender a reconhecer no mar que banha Curaçao, nos de branco presentes na areia de cada uma das praias de cartão-postal, ou nos verdes do corpo das iguanas, o animal símbolo da ilha.

Acostume-se, aliás, a encontrar bichinhos pela ilha. Sejam grandes como os golfinhos e focas do Seaquarium, os lagartos que vivem livres perto das cavernas Hato, ou os muitos peixes que vão cercar você assim que entrar nas águas da lindíssima praia de Porto Mari.Tudo em Curaçao parece querer dar um 'oi' para o visitante assim que o avista.

A ilha, porém, tem mais do que belezas naturais. Descoberta apenas um ano antes do Brasil, Curaçao também teve um histórico de escravidão, que rendeu ao destino uma série de atrações voltadas ao tema, como o museu Kura Hulanda, ou as Cavernas Hato. Isso sem contar os muitos fortes que protegeram o país em outros tempos e que hoje compõem alguns dos pontos turísticos mais interessantes para o visitante.

A arte dos curaçolenhos também instiga a curiosidade, seja nas pinturas das 'deusas' azuis de Nena Sanchez, nas imagens artesanais do que seria a mulher tradicional do país, na arquitetura com várias influências, além da holandesa (país do qual foi colônia e para o qual responde até hoje, mesmo com o sistema parlamentarista instaurado), e até nas variações de iguanas, animal símbolo da ilha, encontradas em todas as lojas, na forma dos mais diferentes objetos. Mas o país todo tem seu charme - a capital, Willemstad, por exemplo, é desde 1997 considerada pela Unesco Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade.

Bon Bini

A origem do nome da ilha, tão parecido com a palavra 'coração' é incerta. Seja por ser considerada o centro das Antilhas, seja por ter sido o local em que marinheiros com escorbuto se curaram, ou por uma homenagem ao Sagrado Coração de Maria, Curaçao ganhou seu nome depois de ser primeiramente batizada como 'ilha dos gigantes'.

O papiamento, a língua oficial, tem muitas semelhanças com o português (e com o palavreado adotado no Hopi Hari, parque de diversões de São Paulo). E ouvi-la durante a sua estadia em Curaçao só fará com que você se sinta ainda mais em casa entre o mar e o sol do Caribe.





BERLIM - Alemanha




Em Berlim, após a queda do Muro, história convive com arte, cultura, tecnologia, boemia e política

Muito da história recente do mundo e da ordem política vigente da atualidade teve seus momentos decisivos encenados em Berlim. A cidade pagou um preço alto por estar em evidência: cercos, bombardeios e devastações sucessivas deixaram cicatrizes visíveis na paisagem da cidade até hoje, em "camadas" de reconstruções e em monumentos que relembram eventos dramáticos como a ascenção do nazismo, o holocausto e a construção muro.

Pode-se dizer, no entanto, que poucas cidades se recobraram tão bem de tantos revezes, para se tornar a um tempo destino de viajantes a procura de diversão barata (para padrões europeus), polo de cultura jovem internacional, e capital da Europa mais requisitada para congressos e encontros de nogócios.

Comparada a seus pares no Velho Mundo, Berlim não tem o luxo de Paris, nem a opulência de Londres, mas guarda um charme descontraído e aconchegante, de quem não quer impressionar à primeira vista, mas está seguro de seus atrativos, em seus imensos parques e suas ruas e avenidas muito amplas.

Ter sido capital do Reino da Prússia (1701 a 1918), do Império Alemão (1871 a 1918), da República de Weimar (1919 a 1933), do Terceiro Reich (1933 a 1945), da República Democrática Alemã (1949 a 1990) e da Alemanha unificada garantiu uma imensa variedade arquitetônica à cidade, uma das capitais europeias que mais passou por "reconstruções" em sua história.

A mais recente "reconstrução" berlinense, promovida a partir da queda do Muro (1990) e a reunificação da cidade, está ainda em curso. Com isso, a cidade ganhou constelações de novos edifícios, centros comerciais e de negócios, construídos pelos mais respeitados escritórios de arquitetura do mundo (vide a região de Potsdammer Platz). Por outro lado, esse "boom" provocou uma explosão nos preços de aluguéis, o que expulsou moradores e pequenos empresários de seus antigos endereços, e, para desgosto de berlinenses mais tracionalistas, estaria deixando a cidade com ares de "nova-rica". A história dirá.

INFORMAÇÕES E SERVIÇOS

Fuso horário - 4 horas a mais em relação a Brasília
DDI - 0049

Código de acesso da cidade - 030

Telefones de emergência - Polícia, 110, Bombeiros e Ambulância, 112

Site do país -
www.deutschland.de

Site da cidade - www.berlin-tourist-information.de

Moeda - Euro

Cotação - Para saber quanto vale o euro, acesse
economia.uol.com.br/cotacoes/.

Câmbio - Pode ser feito nas estações de trem, aeroportos, grandes lojas e, evidentemente, em casas de câmbio. Se você vir a expressão Ohne Gebühr (sem taxa) escrita em algum lugar, essa pode ser a melhor pedida para trocar o seu dinheiro, caso você ainda não esteja viajando com euros, mas atente para a cotação.

Custos - Espere gastar numa viagem bastante econômica uma média de € 50 por dia, afora estadia. Mas esta é uma conta que pode variar, principalmente para quem não está a fim de radicalizar nas economias. Albergues custam a partir de € 14. Comida pode sair a partir de € 5 nos estandes de comida turca ou quiosques de lanches chamados "imbiss". Em restaurantes, espere gastar pelo menos 20 euros por pessoa.

Informações turísticas - Existem três Tourist Info Center, todos em áreas estratégicas. No Europa-Center, Budapester Strasse, aberto seg/sáb 10h-19h, domingos 10h-18h, acessível pelo S/U Zoologischer Garten. Brandenburger Tor (Brandenburg Gate), diariamente 10h-18h, via S Unter den Linden ou ônibus 100. Fernsehturm (Alexanderplatz), embaixo da torre de TV, também 10h-18h, S/U Alexanderplatz.

Internet - Há muitos cibercafés em Berlim. Prefira os modestos, dedicados a isso, que cobram cerca de 1 euro pela hora (fracionado em minutos), às lanchonetes da moda, que podem cobrar cinco vezes mais do que isso.

Telefone - Assim que desembarcar no aeroporto, compre um chip telefônico de celular pré-pago. É um ótimo investimento. Um cartão com 15 euros de crédito deve dar para uma semana, se você for breve nas ligações que fizer e, sempre que possível, usar mensagens de texto, que são muito mais baratas. Afora isso, a cidade está cheia de telefones públicos que fazem e recebem chamadas.

Correio - O correio alemão (Deutsche Post) é eficiente e rápido. Selos podem ser comprados nas agências, que funcionam seg/sex 8h-18h, sábados 8h-12h, ou em máquinas na rua.

Feriados alemães - Ano-Novo, 6 de janeiro (regional), Páscoa, 1º de maio, Dia da Ascensão, Corpus Christi (regional), 15 de agosto (regional), 3 de outubro (Dia da Reunificação Alemã), 1º de novembro (regional), Natal.

Gorjetas - Não é obrigatório dar gorjeta, mas, se achar apropriado, é comum deixar 10% do valor da conta. Nos táxis, não se dá gorjeta, mas geralmente se arredonda para cima o valor da corrida.

Embaixada brasileira - Chancelaria - Wallstrasse 57 - Berlim. Fone (30) 726.280,
www.brasilianische-botschaft.de, brasil@brasemberlim.de.

Consulado-Geral - Berlim: Wallstrasse 57, fone (30) 7262.8600 (mesmo local da Embaixada, porém telefone diferente).




quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PHUKET - Geografia inigualável da Tailândia

Conheça as praias, as galerias de arte e a vida noturna de Phuket, na Tailândia, em 36 horas

INGRID K. WILLIAMS
New York Times Syndicate

Praia deserta Mai Khao, que faz parte do Parque Nacional Sirinat, ao longo da costa noroeste de Phuket, na Tailândia 

Praia deserta Mai Khao, que faz parte do Parque Nacional Sirinat, ao longo da costa noroeste de Phuket, na Tailândia

A ilha em forma de lágrima de Phuket há muito é conhecida por suas praias deslumbrantes e por sua vida noturna “travessa”. Mas para muitos, foi o catastrófico tsunami asiático de 2004 que finalmente colocou Phuket no mapa. A recuperação foi rápida e nos últimos anos a ilha se reafirmou firmemente como um resort praiano de ponta no sul da Tailândia, com um número crescente de hotéis de luxo, restaurantes de primeira e até mesmo uma florescente comunidade de arte.

Sexta-feira

16h - Paraíso perdido
A praia conhecida como Kamala foi duramente atingida pelo tsunami, mas hoje a cidade voltou à vida com chalés reformados que pontilham a encosta e bares de praia ao longo do calçadão. Pegue um roti (semelhante a um crepe) – esta versão tailandesa é recheada de ovo e fruta, com cobertura de leite condensado – na barraca Chef Roti (próxima dos bangalôs Coconut Garden; roti de banana, 30 bahts, ou US$ 0,95, com o dólar cotado a 32 bahts), e caminhe ao longo larga praia arenosa de Kamala, mergulhando os dedos dos pés na água impressionantemente transparente.

17h30 - O Grande Buda está observando
Busque o nirvana no alto do Monte Nagakerd, onde um enorme Buda de jade branco, coberto de mármore, está próximo de ser concluído. Siga a sinalização vermelha e branca da cidade de Chalong, apontando o caminho até o Grande Buda de 45 metros, oficialmente conhecido como Phraphutthamingmongkhol-akenagakhiri Buddha (mingmongkolphuket.com). Os operários ainda estão finalizando o grande assento de lótus do Buda, mas ele já é uma imagem impressionante, com vistas magníficas do Mar de Andaman.

19h - Barracas de praia
Evite os restaurantes de praia cheios de turistas e, em vez disso, siga os moradores locais até a cidade de Phuket e para o mercado noturno de alimentos em Ong Sim Phai Road, perto da Robinson Department Stor. Uma feira livre de dia, ela é uma animada praça de alimentação à noite. As barracas portáteis e carrinhos recuam para o meio-fio e um mar de mesas e cadeiras de plástico se espalha pela rua. Pratos saborosos tailandeses e chineses incluem salada de mamão picante, pãezinhos assados com carne de porco, curry de coco, bolinhos de peixe grelhados e, para sobremesa, arroz glutinoso com manga. Dificuldade para decidir o que comer? Procure pela banca com a fila mais longa e entre nela. Toda a refeição, mais umas duas cervejas, não deverá custar mais do que 200 bahts.

21h - Chute o rosto e ganhe um prêmio
O esporte nacional tailandês é brutal. Na antiga arte marcial do muay thai, os lutadores se golpeiam com os punhos, pés, cotovelos e joelhos. Um local autêntico para assistir uma luta é o Suwit Stadium (15 Moo 1, Chaofa Road; 66-76-374-313; bestmuaythai.com), onde as danças cerimoniais pré-luta e música tradicional são lembretes de que isto se trata de mais do que um entretenimento violento. As lutas nas noites de sexta-feira começam com algumas poucas lutas menores, logo, se você é contrário a ver moleques de 10 anos lambuzados de óleo lutando no ringue, programe-se para chegar uma hora mais tarde, por volta das 21h30. Com coceira para entrar no ringue? O estádio também serve como academia e conta com um centro de treinamento para lutadores aspirantes. Os ingressos para as lutas custam a partir de 900 bahts e incluem transporte gratuito para o estádio e de volta.

Justin Mott For/The New York Times 
O vilarejo tranquilo de Rawai, perto da ponta sul da ilha, despontou como um enclave para artistas locais talentosos. Um conjunto de pequenos estúdios e galerias, como o Love Art Studio, formam o Village Art

Sábado

9h - Expresso elefante
Comece o dia montado precariamente em um paquiderme. A Bang Pae Safari (12/3 Moo 5, T. Srisoonthorn Road; 66-76-311-163; phukettoday.com/bangpaesafari) oferece passeios de elefante por riachos rasos e bosques de seringueiras. No meio do passeio, você pode descer de seu assento e assumir o lugar do condutor, montado na cabeça do elefante. Um passeio de 30 minutos custa 900 bahts por pessoa, ou 1.300 bahts por uma hora.

10h30 - Bem-vindo à selva
Ao lado fica o Santuário da Vida Selvagem Khao Phra Thaeo (entrada, 200 bahts), onde os cantos dos gibões levam você ao Projeto de Reabilitação do Gibão (gibbonproject.org), uma organização sem fins lucrativos que trabalha para devolver os gibões capturados ao seu habitat natural. Se você conseguir se afastar dos macacos adoráveis e acrobáticos, caminhe alguns minutos pela floresta tropical até a cachoeira de Bang Pae e dê um mergulho refrescante no lago abaixo.

13h - Cozinha do Mom
Mom Luang Tridhosyuth Devakul, mais conhecido como Mom Tri, é um arquiteto e empreendedor local que dirige um crescente império de hotéis e restaurantes respeitados em Phuket. Seu mais recente restaurante, Mom Tri’s Boathouse Regatta (63/302 Moo 2, Thepkasattri Road; 66-76-360-855; momtriphuket.com), é um local arejado no calçadão da Royal Phuket Marina. O serviço é tão refinado quanto os iates colossais ancorados em frente, mas a verdadeira estrela é a comida. Entre as recomendações estão o ravióli de lagosta com molho velouté de cogumelo morel (500 bahts) e arroz frito com curry e com frutos do mar, abacaxi e caju (300 bahts).

15h - Comunidade artística
O vilarejo tranquilo de Rawai, perto da ponta sul da ilha, despontou como um enclave para artistas locais talentosos. Quem abre o caminho é a Red Gallery (66-8-7890-3722; phuketredgallery.com), onde o artista Somrak Maneemai mostra pinturas psicodélicas com um toque onírico fantástico. A galeria se mudou recentemente para a Art Village (88 Moo 1, Viset Road), juntando-se a um punhado de outros pequenos estúdios e galerias, como a Tawan Ook Art Gallery (66-8-1956-5872) e a Love Art Studio (66-8-9471-5653; theloveartstudio.com). Em uma ilha tomada por imitação medíocre de arte, a originalidade desta colônia de arte boêmia é refrescante.

19h - Caixa nas rochas
Com amplas vistas do oceano, janelas do chão ao teto e um terraço bonito, o White Box Restaurant (245/7 Prabaramee Road; 66-76-346-271; whiteboxphuket.com) é um favorito dos gourmets desde sua inauguração há dois anos, na praia rochosa ao norte de Patong. O cardápio é uma mistura de sabores tailandeses e mediterrâneos e, como o nome deixa implícito, o design é elegante, com decoração branca. Um jantar com bebidas para dois sai por cerca de 3 mil bahts. Após o jantar, suba para o lounge da moda ao ar livre para beber os martinis picantes Tom Yum, feitos com vodca, gengibre azul, erva-cidreira, folha de combava e pimenta chili (280 bahts).

23h - Cerveja sobre rodas
A encharcada de cerveja Bangla Road, em Patong, é a vida noturna de Phuket em seu lado mais ousado e vulgar – uma onda de bares só com garçonetes, clubes de strip-tease e cabarés de travestis. Mas se essa não é sua praia, siga para o sul até Rawai, até ao micro-ônibus Volkswagen laranja estacionado à direita na Viset Road, logo depois da Art Village. Adaptado com bar, o micro-ônibus é uma festa sobre rodas que atrai uma mistura de moradores locais, estrangeiros e suecos queimados de sol bebendo cervejas Chang geladas (35 bahts).

Justin Mott For/The New York Times 
A encharcada de cerveja Bangla Road, em Patong, é a vida noturna de Phuket em seu lado mais ousado e vulgar - uma onda de bares só com garçonetes, clubes de strip-tease e cabarés de travestis

Domingo

10h - Massagem ao acordar
Casas de massagem baratas repletas de jovens mulheres tailandesas barulhentas como funcionárias estão por toda parte em Phuket. Para uma rápida massagem nos pés, estes lugares servem. Mas para um tratamento da cabeça aos pés, vá ao amplo Sukko Cultural Spa & Wellness (5/10 Moo 3, Chaofa Road ; 66-76-263-222; sukkospa.com). Marque uma massagem tradicional tailandesa, um método que incorpora a acupressão e poses tipo ioga para alongar seus membros doloridos até uma submissão gloriosa (1.300 bahts por 60 minutos).

Meio-dia - Paraíso encontrado
Por quilômetros de areia dourada intocada só para você, siga para a abençoadamente deserta praia Mai Khao, parte do Parque Nacional Sirinat, ao longo da costa noroeste de Phuket. Entre as águas quentes e celestes que se estendem até o horizonte e um fundo de florestas exuberantes, repletas de palmeiras, um amplo trecho de areia fina permanece sedutoramente não perturbado. Assim, estique uma rede e finja que está preso em uma ilha deserta por algumas horas.

O básico

Se você tiver bahts para queimar, o Amanpuri (praia de Pansea; 66-76-324-333; amanresorts.com) é o local para acender o fogo. Por mais de 20 anos, o Amanpuri é um dos pontos mais exclusivos da ilha, com 70 pavilhões e chalés privados a partir de US$ 925.

Mais ao norte, o SALA Phuket Resort and Spa (333 Moo 3, Mai Khao; 66-76-338-888; salaresorts.com) abriu em 2008 e é um refúgio sereno, com 79 quartos e chalés – a maioria com piscinas privadas – que custam a partir de 8.900 bahts, cerca de US$ 278, com o dólar cotado a 32 bahts.

Situado na limite norte de praia de Kata Noi, o Mom Tri’s Villa Royale Phuket (12 Kata Noi Road, Kata Noi Beach; 66-76-333-568; villaroyalephuket.com) é um resort butique com 35 suítes suntuosas, ao estilo tailandês, a partir de 12.500 bahts.

Tradução: George El Khouri Andolfato







LA PAZ - Bolívia



 
La Paz, a metrópole mais indígena da América do Sul, revela a alma boliviana

Do mirador Killi Killi, a vista de La Paz, a cidade formada no extenso e profundo vale, rodeado de montanhas e picos nevados dos Andes e repleto de casas com tijolos expostos. Muitos dos seus habitantes optaram por não pintá-las, deixando-as em eterno estado de construção e, assim, não pagar mais impostos ao governo. Mas ao percorrer as ladeiras da capital mais alta mundo, dá para entender o que está por trás desse famoso retrato da Bolívia: um dos países mais pobres do continente, mas cheio de riquezas naturais, tradições milenares e mistérios arqueológicos que cativam o turista que chega para ver a beleza dos contrastes da metrópole mais indígena da América do Sul.

A cidade revela o espírito de um povo que sempre soube adaptar seus valores e crenças ancestrais ao ritmo dos novos tempos. As cholas, mulheres de longas tranças, vestidas de chapéus e inúmeras saias coloridas, circulam entre os arranha-céus de vidros espelhados, carros importados, fast foods e lojas da moda. Junto à cacofonia produzida pelo intenso tráfego de automóveis, escutam-se as vozes em aimara, quíchua, guarani, e, é claro, no idioma espanhol trazido pelos colonizadores. Atualmente, mais da metade da população boliviana é constituída de índios de mais de 30 etnias, sendo que dessa maioria, grande parte é descendente dos aimaras, como o presidente Evo Morales - primeiro chefe de estado ameríndio da Bolívia.

Os aimaras se associam a si mesmos como a civilização descendente do Império Tiwanaku, que se iniciou em uma pequena aldeia em 1580 a.C, desenvolvendo-se até o ano de 1172, quando talvez uma grande seca tenha gerado escassez de comida, dispersando toda a população. Hoje, um sítio arqueológico feito de pedras de até dez toneladas, e a poucos quilômetros de La Paz, é o principal vestígio de uma das culturas mais antigas da América. Os pacenhos se orgulham desse passado, e, por isso, construíram em uma praça rodeada do agito do centro da cidade uma réplica do Monolito Benet, imensa pedra talhada em forma humana que representa um deus da época. Do lugar, também se avista o Estádio Hernando Silas, o mais alto de todo o planeta.

Para jogar bola na capital administrativa da Bolívia (a constitucional é Sucre) só mesmo com coca. Adorada por muitos, e demonizada por outros tantos em conseqüência do seu ilícito uso, a planta é utilizada de forma medicinal e religiosa há milênios pelas culturas andinas. Polêmicas a parte, está comprovado que suas propriedades espantam a soroche, o mal-estar causado pelas grandes alturas. Em algumas das muitas barracas que se aglomeram pelas calçadas de La Paz, é possível comprar um saco cheio da planta sagrada por preço irrisório. Sentindo qualquer inconveniente, basta mastigar a folha no canto da boca, como o típico boliviano, ou preparar o revigorador chá de coca, que garante a energia para se movimentar a mais de 3.600 metros de altitude.

Mas a poucas horas de bicicleta de La Paz, a natureza se transforma e possibilita ao visitante o desfrute de um autêntico paraíso tropical. A famosa Rota da Morte, oferecida pelas agências de turismo, é a mais procurada pelos mochileiros que querem se aventurar pelas encostas íngremes dos Andes até a floresta montanhosa, em uma velocidade de até 60 quilômetros por hora. Quem quiser sentir a mudança gradativa dos ecossistemas devagar, pode optar por um pacote que mistura adrenalina e cultura: caminhada de três dias por uma antiga trilha de pedra, aberta pela civilização tiwanaku e, depois reutilizada pelos incas, e que une o Altiplano boliviano à Amazônia.

As subidas e descidas das vias empedradas, dessa vez construídas pelos espanhóis, na zona central de La Paz, também exigem bom preparo físico. Duas das irregulares ruas são lotadas de gringos europeus, concentrando o que há de melhor e mais inusitado na cidade. Na inclinada Sagárnaga, estão as variadas lojas de artesanato, agências de viagens, hotéis, cybercafés e restaurantes. E na Liñares, o famoso Mercado de las Brujas, onde se pode comprar fetos de lhama secos e tudo mais que se necessita para os rituais da tradição andina.

O passado colonial da cidade fundada em 1548 se expressa com mais força nos arredores da Plaza Murillo e San Francisco. São muitas as casas seculares, mas ainda poucas foram contempladas pelo tímido programa de restauração promovido pelo estado. As construções do inicio do século passado da avenida El Prado, a Catedral, os palácios governamentais e a pequena rua Apolinar Jaén são algumas amostras do centro antigo, que também abriga museus, bares e discotecas da Nossa Senhora de La Paz.

Apesar do nome, a cidade foi palco de muitas lutas que marcaram a história da Bolívia. Além da conquista espanhola sobre o Império Inca, que tinha no comando o colonizador Francisco Pizarro, o país sempre sofreu com inúmeras invasões. Talvez a de maior conseqüência tenha sido a Guerra do Pacífico (1879-884), quando perdeu sua costa para o Chile. Hoje, os pacenhos comemoram duas importantes revoluções: os 200 anos da Independência de 1809, e o seu momento político atual, que voltou a ser dominado pelas populações originárias do vale.